Philip Eichholtz é um diretor alemão, que produziu outros filmes como Liebe Mich, Do My Own Thing e Dançando em Silêncio (Luca).
A narrativa versa sobre uma moça, chamada Luca -protagonista, que havia acabado de superar uma grave crise depressiva. Ela faz amizade com um senhor bem mais velho, chamado Meier, que a ajuda em sua cura.
O filme começa com Luca acordando, vemos um quarto enfeitado, mas um pouco desalinhado. Ela vai ao banheiro e a câmera nos mostra um machucado na coxa da garota. Já percebemos que algo ruim aconteceu.
Luca estava fazendo o segundo grau e sentava próxima de Meier. Em uma prova de inglês, a jovem tenta ajudar o amigo e a professora anula a avaliação.
Dessa forma, descobrimos que a professora é mãe de Luca. Uma pessoa com uma postura austera e rígida, que quando chega à casa da filha fica observando tudo. Em nenhum momento vemos ela fazer alguma pergunta a respeito de algum problema da filha, lembrando que ela tinha um machucado na perna.
A preocupação da mãe se limitava à escola e à uma futura profissão. Ela em nenhum momento pergunta se a Luca está bem psicologicamente. Também não parece interada do machucado da filha.
A protagonista tem uma cadela chamada Mata, que poderia ganhar um Oscar como atriz coadjuvante. Ela é uma fiel companheira de Luca. Em uma conversa com Meier ficamos sabendo que a cachorra foi resgatada de uma ONG alemã, que salvava animais de uma fazenda búlgara, que os matavam. Possivelmente, salvando Mata ela salvava a si mesma.

Em relação a Meier, uma forte amizade será construída. Ele tem dificuldades em inglês e ela em matemática, então ambos resolvem estudar juntos. Ela confidencia que padeceu anos de depressão e que Mata a estava ajudando na recuperação.
Em uma cena, Luca está em seu apartamento e vemos um rapaz forçar a fechadura, ela não o deixa entrar. Em outro momento, esse mesmo jovem a encontra na escada. Eles são namorados e foi ele quem feriu a protagonista.
O namorado pede desculpas para Luca e eles reatam o relacionamento. Ali vimos uma jovem extremamente carente, fazendo tudo o que o outro quer, até usando drogas.
Meier fica extremamente preocupado com a amiga e tenta ajudá-la, mas sem sucesso. A mãe tenta falar com ela, mas também não consegue.
A figura masculina familiar é ausente na vida de Luca. Vemos ela almoçando com a mãe e a avó e nenhuma menção é feita ao pai ou ao avô. Nenhum porta-retrato nos é mostrado pela camêra, subentendendo que o pai e o avô já fizeram parte da vida da jovem.
Não sabemos se eles morreram, ou simplesmente se ausentaram por vontade própria. Possivelmente, a jovem sentia um extremo vazio existencial, devido principalmente a ausência paterna. Também, temos a hipótese dela estar repetindo, inconsciente, o relacionamento da mãe com o pai. O filme não explora isso, então só ficaremos com as suposições.
Outra questão importante, é o relacionamento estranho de Luca com a mãe. Ela diz para a mãe que é vegana, mas almoçando com a avó come vitela. Ao ser questionada, ela diz que não consegue resistir a comida da avó. Parece que de alguma maneira ela tem necessidade de chamar atenção e até mesmo agredir a mãe sutilmente.
O fato é que Luca busca afeto desesperadamente, caindo em um relacionamento abusivo com o namorado.
Em uma cena, o namorado drogado entra na casa e tenta estuprar Luca. A cachorra sai em sua defesa e acaba assassinada. Nessa cena, eu chorei um pouco, foi bem comovente.
Até esse momento, vemos uma Luca frágil e carente. Uma pessoa que não tinha tomado as rédeas de sua própria vida.
Em uma cena após a morte de Mata, Luca está em uma estação de trem e percebemos que ela pensa em se suicidar. Nesse momento, aparece um cachorrinho e começa a chorar.
Muita calma com essa interpretação…não é filme americano, que o cachorro tem um monte de vidas e reencarna em outro, ou que ela descobre que a vida é boa, adotando outro animal. Nesse momento, Luca percebe que pode cuidar de si, como cuidou de Mata.
As filmagens que mostram a jovem feliz são feitas em ambientes abertos e a luz do sol predomina. As cenas no apartamento são mais escuras, lugar em que predomina a depressão da personagem.

Muito boa a sua análise. Um filme cheio de questões psicológicas assim me interessa.
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Oi Alan, eu achei que o filme poderia ter explorado mais, o relacionamento dela com o abusador e com a mãe. Mas, não deixa de ser um filme bom. Abçs!
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Gosto muito dos filmes alemães. Vou ficar de olho para assistir este também. Valeu!
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Tem no netflix!
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[…] Fonte: Resenha Filme: Dançando em silêncio (Luca) – Philip Eichholtz […]
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