O longa metragem Regressão (Regresión) foi dirigido e escrito por Alejandro Amenábar e se passa em Minnesota na década de 80.
O filme começa com um homem com aspecto de perturbado, entrando em uma delegacia. O detetive Bruce acusa-o de ter abusado da própria filha -Angela (Emma Watson). O nome do homem é John Gray diz que ela não mente, porém ele não se lembra de nada.
A jovem abusada encontra-se sob a tutela do Pastor da igreja evangélica, que a família frequenta.
Bruce dirige-se até a casa do acusado e colhe o depoimento da avó de Angela. A mãe dela faleceu há um tempo, e ela é criada pelo pai e avó.
A casa é bem sinistra, a avó é um tanto desleixada e com aspecto de alcoólatra. Tudo é muito sujo e bagunçado. O detetive descobre, que o irmão de Angela fugiu de casa e ninguém tem notícias, ou seja, estamos diante de pessoas completamente perturbadas.
- A casa da família de Angela. Imagem de divulgação.
George Nesbitt, detetive companheiro de Bruce, coloca em dúvida o depoimento de Angela. Bruce o rechaça dizendo: “Você está protegendo John Gray por que pertencem a mesma igreja”?
O pai da jovem continua sem lembrar-se de nada. Eles recorrem a ajuda de um psicólogo Kenneth Raines, que sugere a regressão, mas podemos considerar que foi hipnose.
Hipnose consiste em uma técnica de indução a um estado semelhante ao sono, no qual o indivíduo fica muito suscetível à sugestão do hipnotizador.
Já a regressão é a busca na memória de situações traumáticas que existem em nosso inconsciente, dando origem a distúrbio físico ou comportamentos emocionais inadequados que a pessoa tende a repetir mesmo que, conscientemente, não o deseje.
Eu achei que o psicólogo interferiu no processo, pois ele lia a carta da filha, relatando o abuso para o pai, enquanto o mesmo estava em transe.
Bruce vai até a igreja, onde Angela está hospedada. Ao chegar lá, vemos uma jovem de traços finos, cabelos loiros e com uma roupa, que remete às mulheres puritanas do final do século XIX.
Ela reafirma que o pai a abusou sexualmente e que ele colocou nela uma cruz invertida, símbolo dos satanistas.
O filme faz com que emerja em nós o medo do demônio, que habita no inconsciente coletivo. Segundo o historiador, Jean Delumeau: “a emergência da modernidade em nossa Europa ocidental foi acompanhada de um inacreditável medo do diabo.”
No século XVI, houve a ascensão do medo do satanismo na Europa. Um multiplicador poderoso, desse sentimento, foram os livros e folhetos, que por muitas vezes tinham desenhos do demônio. O próprio Lutero comunicou seu medo do diabo a milhares de leitores.

Os europeus instruídos acreditavam que era seu dever fazer os ignorantes conhecerem a verdadeira identidade do Maligno por meio de sermões, catecismos, obras de demonologia e acusações.

No filme, o detetive Bruce acredita que está diante de uma conspiração satanista e que até seu parceiro está envolvido, pois John Gray, através da hipnose relembra a sua participação no abuso de Angela.
As cenas em sua grande maioria é feita com chuva e trovões, despertando em nós, mais um medo ancestral: a natureza. Além disso, o diretor utiliza-se de uma cor escura, puxada para o cinza, além de músicas, que evocam o clima de suspense.
Os depoimentos da garota nos colocam em uma realidade terrível. Ela descreve um culto satânico, em que as pessoas começam a fazer orgias, matar gatos e terminam assassinando um bebê!

O Pastor da igreja da família do acusado, diz que ouve a voz de Deus e não tem dúvidas, de que todos estão inseridos em uma grande conspiração de satanistas.
Para quem não quer ler as considerações finais, me despeço aqui, deixando com vocês a dica de um bom suspense!
SPOILER
Na verdade, todo esse medo foi uma histeria coletiva criada pela mídia local. No início do filme, ouvimos uma reportagem na rádio local a respeito de um grupo satanista, atuando na região.
A partir disso, Angela teve a ideia de utilizar-se dessa história para livrar-se da família degenerada.
Relatos parecidos ao da garota foram comuns na década de 80, gerando ondas de pânico na população. Nenhuma prova da existência de cultos satânicos foi descoberta.
Ainda assim, existem dúvidas a respeito de como a necessidade de renovação processual cumpre um papel essencial na formulação dos conhecimentos estratégicos para atingir a excelência. Mas em si o filme é bom!
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Eu li bastante alguns críticos de cinema, falando que o filme é fraco, justamente na questão processual. Mas, eu achei que o filme cumpriu o papel dele. Obrigada por comentar! Abçs!
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O filme parece ser todo montado para dar bastante medo no espectador. E o final é um tanto surpreendente, não?
Abraço.
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É sim, nesse aspecto ele cumpriu com a sua função. Para quem gosta do gênero eu indico. Abraços!!!
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O tema desse filme me interessou muito.
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Quando eu vi o trailler eu pensei, nossa!! O filme cumpriu com a função dele!! Abçs!
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Juliane, fiquei embasbacada com o fato de que o diabo começou a entrar no imaginário coletivo no século XVI e está presente com a mesma força até hoje. Me dá uma satisfação aprende sobre a origem dos conceitos.
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Legal, né?? Eu vou reler História do Medo no Ocidente do Jean Delumeau, em que ele discute de onde procedem todos os nossos medos. Bjs!
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Colocarei na minha lista de próximas leituras.
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[…] Ju Orosco […]
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