“Quem é você? Lyudmila Pavlichenko.
Não matei pessoas. Matei 309 nazistas”.
A Batalha de Sevastopol é um filme ucraniano que conta a história da maior franco-atiradora soviética: Lyudmila Pavlichenko, que recebeu a singela alcunha de “dama da morte”.
O longa-metragem começa com a jovem nos Estados Unidos em uma conferência com a imprensa norte-americana. O objetivo do evento, além das entrevistas, era pedir apoio financeiro para os Aliados na guerra contra o Eixo.

Lyudmila era filha de um major da NKVD (posterior KGB) e de uma professora de inglês. Seu pai é representado como uma pessoa fria e distante. Seu maior desejo era ter um filho (Lyudmila era filha única) para que ele fosse à guerra. A mãe é uma pessoa submissa ao marido.
Essas cenas nos mostram que mesmo as mulheres tendo alcançado direitos iguais aos homens no sistema soviético, na prática a submissão feminina imperava.
A habilidade de atirar de Lyudmila foi descoberta em um stand de tiros ao alvo, onde ela demonstrou muita destreza.
Na escola de franco-atiradores Lyudmila passa por um treinamento pesado e aprende as técnicas necessárias para se tornar franco-atiradora. Em 1941, ela é designada para atuar na defesa de Odessa (Ucrânia) e depois em Sebastopol (Rússia).

O filme vai nos mostrando todos os difíceis percalços da guerra. As mulheres, algumas não tinham saído da adolescência, levavam bonecas e sapatos de salto para o front. O sargento pega esses pertences e faz uma grande fogueira. Precisava transformar garotas em combatentes.

Lyudmila desde o primeiro momento demonstra uma personalidade adulta para a idade. Pouco sorri e brinca. O contraponto é feito, através de sua amiga – Masha sempre alegre e gentil.

A protagonista tem foco, paciência e presença invejáveis. Acredito que foram essas três características que a fizeram ter êxito.
Na turnê pelos Estados Unidos, ela foi tratada algumas vezes como algo exótico. Lyudmila é constantemente tutelada por oficiais políticos durante sua estadia em solo estadunidense.

A primeira dama norte americana presenteia sua amiga soviética com um vestido. O oficial político diz para a jovem colocar a farda, pois “ela não era uma mulher, mas uma soldada soviética. ”

Outro ponto curioso é que o cantor de folk americano, Woody Guthie escreveu uma canção intitulada “Miss Pavlichenko”, que destaca seus feitos como franco-atiradora.
O regime stalinista é representado no filme como um sistema desumano. Em uma cena Lyudmila está doente, mas é obrigada a tirar uma foto com um rifle nas mãos e sorrir para a câmera.

Assim como “Círculo de Fogo”, a Batalha por Sebastopol mostra a importância conferida à propaganda pelo regime soviético. A jovem franco-atiradora foi alçada a heroína soviética e sua imagem era utilizada constantemente pelo partido.
O governo levava crianças para o front, onde elas falavam com os soldados pedindo a eles que “matassem mais, sempre mais. ” Essa cena é bem perturbadora.

Os romances entre as pessoas estão presentes no filme. Não vou detalhar para não dar spoiler. Essas cenas conferiram bastante humanidade às pessoas.
No livro “A Guerra Não tem Rosto de Mulher” de Svetlana Alexijevich, algumas ex-combatentes entrevistadas afirmam que existiam até casamentos realizados nos campos de batalha.
As cenas são muito bem construídas, os cenários bem preparados e a atuação dos atores excelentes. As músicas ajudam a narrar a história, nos conferindo sentimentos de medo, angústia e ás vezes de tranquilidade em meio à guerra.
O restante deixarei com vocês!
Círculo de Fogo:
https://juorosco.blog/2017/11/05/resenha-filme-circulo-de-fogo-jean-jacques-annaud/
A Guerra não tem Rosto de Mulher:
Haja tempo pra assisti tanto filme bom que você indica, hein Ju! 🙂
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kkkkk……que bom!!! Bjs!
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