“Quando você cria uma história, que é baseada em uma mentira sobre quem é você ou quem é sua família, mais cedo ou mais tarde a verdade aparecerá.”
Keep Quiet é um documentário que narra a história do húngaro Csanad Szegedi, cofundador do partido de extrema direita húngara, chamado Jobbik. Posterior, à algumas reviravoltas em sua vida, ele se tornou judeu ortodoxo.
Em 2006, depois de o fracasso do governo de esquerda, a Hungria entrou em uma profunda recessão política e econômica. O desemprego era alto, a segurança pública estava colapsada e o ódio tomou a população.
Com um país em frangalhos, a história alemã pré-nazismo estava se repetindo em Budapeste; logo os “bode-expiatórios” foram eleitos: judeus e imigrantes. O discurso antissemita era o mais forte.

O povo tomou as ruas da capital húngara e o país quase entrou em uma guerra civil. Houve pancadarias e muito vandalismo.
Nesse contexto, foi fundado um partido de extrema-direita chamado Jobbik, que se destinava a “moralizar” a Hungria. A situação chegou a tal ponto, que o Jobbik criou uma guarda do partido, algo parecido com SS nazista.

Nesse contexto, Csanad Szegedi estava na vice-presidência do partido. Ele não media as palavras para atacar os judeus. Seu maior ódio era a importância dada ao Holocausto pela população européia e historiadores em geral. O rapaz era contra o ensino do Holocausto nas escolas húngaras. Seu argumento era que todo mundo sofreu. Por que a importância dada aos judeus? (Típico discurso antissemita).

Um dia, Csanad chega em casa e conta a seguinte piada para sua mãe: – “Hitler perguntou à uma criança judia, o que ela queria ser quando crescesse. Ela respondeu: Médico. Hitler disse: Não! Sabão ou abajur? ”
Para o rapaz essa era uma piada normal, todo mundo a contava e achava graça. Mas, uma coisa ele não entendeu: Sua mãe ao ouvir a piada entrou no quarto e chorou.
Um dia, Csanad recebeu uma ligação de uma pessoa do Jobbik. O que ele ouviu causou-lhe uma devastação: Csanad, você é judeu!
Ele não acreditou. Ao questionar sua avó, ela lhe mostrou a tatuagem do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. A senhora era uma sobrevivente do Holocausto.

Quando Auschwitz foi libertado pelos soviéticos, a avó de Csanad voltou para a Hungria e decidiu nunca comentar sua experiência. Temendo sofrer com o antissemitismo no país, ela usava roupas com mangas cumpridas para ocultar a prova de que era sobrevivente do genocídio.
O mundo de Csanad caiu. Ele era tudo aquilo, que mais odiava.
Quando foi procurar o rabino da sinagoga local para saber mais informações sobre seus antepassados, o sacerdote disse que encontrou uma pessoa despedaçada e sem nenhuma identidade. Um jovem cuja a vida era infeliz e vazia, mesmo com todo o poder, o qual ele achava que tinha.
A descoberta da sua origem não ficou barata. Ele foi até ameaçado de morte pelo partido Jobbik, que ele ajudou a fundar.

Nesse contexto, o documentário nos mostra a jornada de um rapaz de um antissemita convicto o qual se tornou judeu ortodoxo.
A história de Csanad é interessantíssima, pois ele literalmente vestiu a pele do grupo que mais odiava e viu os danos que causava. O documentário narra em detalhes a construção do partido de extrema-direita, com entrevistas dos membros, além de estudiosos e jornalistas e a posterior jornada de o rapaz em sua conversão ao judaísmo.
O documentário nos faz tecer alguns paralelos com o Brasil.
Estamos em crise política e econômica que já duram 3 anos. A consequência são os altos índices de desemprego e uma segurança pública devastada.
Vemos todos os dias o número de mortos em assaltos e balas “perdidas” crescerem assustadoramente. Também, o número alto de policiais assassinados em serviço tem crescido. Para o Estado, a vida das pessoas tem pouca importância, a população é tratada como descartável.

Recentemente, tivemos a execução da vereadora do PSOL – Marielle Franco, junto com o motorista Anderson Gomes. Ainda não sabemos quem são os assassinos e nem quais foram os motivos. Mas não podemos ignorar que Marielle representava grupos, que normalmente possuem pouca representação política: Mulher, negra, homossexual e moradora de uma favela, além de lutar pelos Direitos Humanos.
Todos os homicídios citados são sintomas de um Estado patrimonialista, o qual os políticos que tem a função de nos representar, normalmente, agem somente em interesse próprio.
Em decorrência disso, presenciamos o crescimento do discurso de ódio referente as minorias. As redes sociais se tornaram palco de pessoas se gladiando por conta de opiniões diferentes. A tendência é piorar, visto que esse ano temos eleições presidenciais.
Que o exemplo da Hungria e de Csanad possa nos lembrar dos perigos que corremos e qual o papel que escolheremos nesse contexto.
Selecionei algumas reportagens que corroboram o paralelo do documentário com o Brasil atual.
Judeus sofrem ameaças em São Paulo:
*Deem uma olhada nos comentários de notícias sobre a comunidade judaica ou Israel. É de cair o queixo.
Turista negra é agredida e chamada de macaca por um empresário e uma médica. (Cuiabá- MT)
Haitianos são alvo de ataque no Centro de São Paulo:
NOSSA……QUE HORRÍVEL A POSTURA DOS JOVENS….
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Com certeza!!!
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