A partir da segunda temporada ganhamos uma compreensão maior dos personagens, principalmente os ladrões e suas motivações para adentrarem ao crime.
É impressionante como todos, com exceção do Rio, são pessoas com vidas tristes e desestruturadas.
Começando com o Professor, cuja infância passou em uma cama de hospital. Seu pai assaltava para comprar remédios para o ele, tendo a ideia de assaltar a Casa da Moeda, morrendo sem conseguir concretiza-la.

Acredito que todo mundo gostou do personagem do Professor e o via como uma vítima do sistema. Mas, nos esquecemos que por mais que o bando não estivesse “assaltando”, mas imprimindo dinheiro, os sequestradores estavam com reféns dentro da Casa da Moeda Espanhola.
Igualmente, em nossas vidas não existe uma linha muito clara entre mocinhos e bandidos, bons e maus, tudo pode variar de acordo com o contexto. Mesmo porque o líder é um idealista, não quer matar ninguém e nem roubar, somente imprimir o dinheiro.
O Professor tem uma aparência pacífica, é uma pessoa tímida, educada, inteligente e meticulosa. Isso faz com que todos nós tenhamos confiança nele e o tenhamos em alta conta. É impressionante como sua personalidade muda quando se transforma em Salva.
No extremo oposto temos Berlim. Uma pessoa narcisista, que ninguém quer ter por perto, abusava da Ariadna, aterrorizava os reféns, mandou assassinar a Mônica e era inflexível com os outros assaltantes.
O problema é que, jamais o assalto teria a possibilidade de dar certo sem o Berlim. Ele era a pessoa de confiança do Professor, inteligentíssimo, conhecia todas as estratégias, tanto é que o Professor muitas vezes pede sua opinião. Por mais que nenhum dos assaltantes goste do Berlim, todo mundo precisou do seu pragmatismo e frieza. É duro constatar, mas a personalidade do Berlim se fez necessária.
Eu gostei muito da inspetora Raquel Murillo. É impressionante como ela está cercada de gente horrível. Seu ex-marido a traiu com a professora da filha e também com sua irmã. Ainda por cima, a espancou e a assediou moralmente. Interessante salientar, que mesmo sendo policial, Raquel demorou para prestar queixa contra o ex-esposo, porque considerava a situação humilhante.
O coronel Prieto sempre tentava passar por cima das decisões de Raquel. Até mesmo o Professor, como negociador, a expunha com perguntas bestas: “Quando foi seu primeiro orgasmo”? Ninguém a respeitava, somente seu amigo Angel.
Me parece que a intuição de Raquel não funciona muito bem, pois, além de se apaixonar pelo Professor, ele sempre estava à frente dela. A personagem é a maior mostra de como age o machismo.
Tóquio é uma pessoa impulsiva, não segue regras e, por consequência, bate de frente com Berlim. É o tipo de pessoa que não aceita ficar por baixo em nenhuma situação. Apesar disso, é uma pessoa que se sai muito bem em enfrentamentos. Ela é uma das pessoas ali, que não tem nada a perder, além do seu relacionamento com Rio. Sua mãe morreu, além do seu namorado. Sua única família são os sequestradores.
Denver é o tipo que nos engana pela aparência. Com um rosto grande e uma risada alta, com uma postura de bad boy. No entanto, ele impede a Monica de abortar, pois se importa com ela. Além disso, a maneira como ele cuida da moça demonstra muita sensibilidade e empatia. O norte é seu pai – Moscou, é nos valores passados por ele que o rapaz baseia suas ações.
Na segunda temporada fica claro, porque o rapaz desenvolveu essa personalidade.
Nairóbi continua sendo a mais simpática dos sequestradores. Quando assume o comando dentro da Casa da Moeda (matriarcado), sua “gestão” é bem mais humana. Como os outros bandidos, a jovem tem um passado difícil, pois tem um filho, que nem a conhece. Aos poucos ela vai tomando consciência da realidade e isso lhe causa sofrimentos.
Helsinki é sérvio e carrega o estigma dos eslavos, de se submeter inteiramente à figuras de autoridade. Nunca questiona as ordens de Berlim, por mais absurdas que possam parecer. É um tipo enorme, com uma metralhadora em mãos, colocando medo só com sua presença.
Uma questão que é colocada na série é se Monica está com síndrome de Estocolmo e por isso, acredita-se apaixonada por Denver. Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico em que uma pessoa sendo intimidada, desenvolve afeto por seu agressor. Eu fiquei em dúvida, pois, parecia que eles tinham um relacionamento real, diferente de Berlim e Ariadna.
Podemos perceber um certo romantismo por parte da narrativa ao retratar o assalto. O tempo inteiro a história nos faz questionar o certo e o errado e mexe com os nossos valores. Acho que esse fato tornou o roteiro brilhante. Todos nós torcemos para os assaltantes.

Trailer:
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Eu adorei essa série e o post também! Bjos🌷
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Que bom!!! A série é ótima mesmo!! Bjs!
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Ainda não consegui assistir… Mas já achei interessante pelo simples fato de criarem uma estica icônica, usando fragmentos, tipo a máscara de “V de vingança” com o bigode do Salvador D…😁
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Eu ainda não assisti, mas fiquei meio empolgado com sua narrativa!
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Obrigada! É uma série excelente, vale a pena!! Abçs!
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