O Senhor do Paço de Ninães é um romance da literatura portuguesa, publicado em 1867, é categorizado como pertencente aos romances históricos do autor.
A narrativa conta a história do protagonista Rui Gomes de Azevedo, o tempo é 1576 – 1621.

O rapaz é contra guerra, apegado à mãe, passivo e dócil, completamente diferente do seu falecido pai, que foi cavaleiro e morreu lutando contra os mouros.
Ele se orgulha de sua mãe, que mandou derreter o ferro das espadas do esposo para fabricar foicinhas para a lavoura.
Rui Gomes de Azevedo é apaixonado pela prima Leonor, a quem está prometido desde pequeno.
João Esteves Congominho é o rival do protagonista, aquele que irá roubar-lhe a amada. Em uma conversa entre os dois podemos perceber um pouco a personalidade de Rui Gomes de Azevedo, cujas afirmações são emblemáticas: “Minha mãe é minha Pátria” e “minha mãe não me quer soldado”.
O rival percebendo a personalidade passiva do rapaz não hesitará em fazer uma manobra política, preparando seu casamento com Leonor, que aceitará passivamente a resolução de seu pai.
Desiludido com a prima, Rui Gomes de Azevedo decide acompanhar o rei Dom Sebastião para a campanha de Alcácer Quibir, no norte da África.
Nesse ponto, Camilo Castelo Branco decide colocar o dedo na ferida narcisista portuguesa.
Portugal havia passado quatro séculos lutando por sua soberania. A derrota lusitana em Alcácer Quibir, impôs ao reino a perda do jovem rei Dom Sebastião, que desapareceu no Marrocos. A autonomia política teve seu fim, com a anexação de Portugal à Espanha, pois o rei não tinha herdeiros.

A partir dessa perda, surgiu em Portugal uma crença messiânica que transformava Dom Sebastião em uma figura redentora, aquele que voltaria para libertar os portugueses do jugo castelhano. Sebastianismo é o nome dado à essa crença.

Interessante pensarmos, porque Camilo Castelo Branco retomou a longínqua guerra de Alcácer Quibir (1580), no século XIX?
Portugal e Espanha se tornaram nações decadentes no século XIX, em comparação com a Inglaterra, que liderou a Revolução Industrial.
Nesse período, começa uma dura crítica às políticas colonialistas portuguesas, apontadas como uma das causas da decadência das duas nações.
Em várias passagens do Senhor do Paço Ninães, a saída de homens para as guerras colonialistas deixaram o reino, completamente desamparado.
Também nesse tempo, as tropas napoleônicas invadiram Portugal, e o rei Dom João VI com sua corte embarcou para o Brasil, escoltado por embarcações inglesas, deixando o reino completamente desprotegido.

“Minha Pátria é minha mãe” significa uma tomada de posição do autor frente a terra e contra a expansão ultramarina.

A figura da grande mãe é ligada no inconsciente coletivo à terra, fertilidade e agricultura, em oposição ao grande pai, ligado à caça e a conquista.
Antero de Quental no texto: “Causas da decadência dos povos peninsulares” afirma: “Duas nações (Portugal e Espanha) generosas se transformaram em uma horda de fanáticos endurecidos”, por conta, da Inquisição e da educação jesuítica com seus métodos de ensino brutais, que esterilizaram as inteligências e mataram o pensamento questionador.
Você não costuma resenhar literatura portuguesa, pelo menos encontrei poucos livros de autores portugueses por aqui. Vc. não gosta? Eu gosto muito do Saramago. Até mais.
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Olá Fabio, eu também gosto bastante, precisava realmente trazer mais dessa literatura para cá. Abçs!
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