“Lembra-te que tempo é dinheiro; aquele que com seu trabalho pode ganhar dez xelins ao dia e vagabundeia metade do dia, ou fica deitado em seu quarto, não deve, mesmo que gaste apenas seis pence para se divertir, contabilizar só essa despesa; na verdade gastou, ou melhor, jogou fora, cinco xelins a mais.” Benjamin Franklin
Em “A Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo”, Weber desenvolve a tese de que a ética protestante calvinista é a base da cultura ocidental moderna.
A primeira parte do livro, Weber tornou pública em 1904. Hoje a obra é considerada a mais importante do século XX, pois demonstrou como a religião influencia diretamente na economia.
Espirito nesse contexto é entendido como a cultura vivenciada pelas pessoas na condução metódica da vida, por exemplo, a busca por uma profissão, de preferência que seja bem remunerada e a necessidade de poupança fizeram parte dos valores sociais de praticamente todos países ocidentais, de maioria protestante ou católica.
O ponto de partida do sociólogo foi a constatação “do caráter predominantemente protestante dos proprietários do capital e empresários, assim como das camadas superiores da mão de obra qualificada, notadamente do pessoal de mais alta qualificação técnica ou comercial das empresas modernas.” 2004, p. 03
Jean Calvino (1509 – 1564) foi um teólogo francês com muita influencia durante a Reforma Protestante. A teologia desenvolvida por ele é conhecida por calvinismo e seguida por muitos até hoje. A chave da obra de Calvino passa pela Pedagogia, que nesse contexto visa combater a superstição, os pensamentos mágicos e a idolatria.
O calvinismo vigorou nas seguintes regiões: Genebra, Escócia, em boa parte dos Países Baixos e nas Colônias Inglesas, que deram origem aos Estados Unidos da América e Canadá. Na França eram chamados de huguenotes e na Inglaterra de puritanos.
A crença na predestinação é um dos princípios do calvinismo. Significa que Deus de antemão já decidiu quem seria salvo ou condenado. Uma das marcas de predestinação era a riqueza, pois compreendia-se que a pessoa era trabalhadora e disciplinada. A salvação se daria pela fé, no entanto, as obras a testemunham.
A ética do trabalho calvinista se contrapõe a concepção de São Tomás de Aquino, em que o labor é compreendido como uma necessidade natural, visando somente o suprimento das necessidades básicas. Não se trata de um dever ético, mas somente de uma necessidade. Assim, também compreendeu posteriormente Martinho Lutero.

A ética do trabalho calvinista favoreceu a burguesia como classe, pois quando convertida à religião de Jean Calvino, a riqueza era compreendida como signo de salvação e não um pecado.
A valorização do trabalho, a falta de ostentação e a disciplina para poupar dinheiro foram os fatores que possibilitaram o enriquecimento dos protestantes, eles se tornaram a elite econômica e cultural de praticamente todo o mundo ocidental.
A falta de vontade de trabalhar era entendido como ausência da graça divina, o trabalho é entendido como uma forma de louvar a Deus. A seguir um conselho de Jean Calvino:
“Contra todas as tentações sexuais, do mesmo modo que contra as dúvidas religiosas e os escrúpulos torturantes, além de uma dieta sóbria à base de refeições vegetarianas e banhos frios, receita-se: Trabalhe duro na tua profissão.” Weber, 2004, p. 35
Weber critica o conceito de marxista da necessidade do exército reserva, pois a produtividade do trabalho cai automaticamente quando o salário é fisiologicamente insuficiente. Por exemplo, o polonês produzia pouco em comparação ao alemão, pois, recebia menos.

Assim, o salário baixo ou a inexistência dele nas classes mais baixas não geravam lucros para a burguesia, como pensou Karl Marx, o exército reserva era inútil para o capitalista.
Interessante observar que a partir da década de 60, houve uma quebra com a ética protestante, pois a sociedade passou a visar o consumo desenfreado.
A religião calvinista não suporta uma sociedade em que todos se tornam mercadorias e o desejo humano precisa ser satisfeito imediatamente, impossibilitando a disciplina e a poupança.
Eu vou detalhar em “Vida para consumo” de Zygmunt Bauman, como atualmente a ética capitalista foi modificada, em uma adaptação do sistema.
Karl Emil Maximilian Weber (1864 – 1920) foi um intelectual, jurista e economista alemão, considerado um dos fundadores da Sociologia.
Tentei passar as principais ideias da obra, que é bem densa, porém não é de difícil compreensão. Nada substituirá a leitura, que é essencial para o entendimento da história de nossa sociedade.
Me siga no instagram! https://www.instagram.com/oroscojuliane/
Essa obra é um clássico. Parabéns pela resenha.
E Marx sendo criticado desde essa época, rsrsrsrs.
Abraço.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Sim!! É o Weber criticando, o peso é outro. As críticas que temos hoje são feitas por terraplanistas….risos… que decadência! Obrigada por comentar!! Abçs!!!
CurtirCurtido por 1 pessoa