Em “As Palavras e as Coisas”, Foucault abre o primeiro capítulo com uma análise do quadro “As Meninas” (1656), do pintor espanhol Diego Velázquez.

O centro do quadro é o reflexo do espelho. O ser humano, portanto, não é o centro da pintura, mas o espelho, pois nos séculos XVII e XVIII a sociedade ainda não concebia o homem como pedra fundamental do conhecimento.
O espelho é a parte mais importante no quadro, pois as figuras centrais da imagem estão no espelho, é nele que aparece o rei e rainha nos olhando. Esse espelho esconde mais do que mostra.
A função desse reflexo é atrair o nosso olhar para o interior do quadro. Interessante que por estarem presentes na pintura, à direita ou à esquerda, o artista e o visitante não podem estar alojados no espelho do modo que o rei e a rainha estão, ao mesmo tempo que eles não fazem parte do quadro.
O espelho é um elemento da pintura flamenca que servia para repetir os elementos que constam na obra. Porém, em “As Meninas” o espelho não repete, mas mostra o rei Felipe IV e sua esposa Mariana.

Outro ponto é o homem, que não sabemos quem é, se destacando, ele aparece de perfil, em posição que não fica claro, se ele está entrando ou saindo.
Velázquez aparece à esquerda deslocado do centro, perto dele aparecem algumas telas, que ele está pintando.
Como uma maneira de organizar a imagem, o pintor manteve a princesa Margarida no centro do quadro. Em volta dela vemos as cortesãs e uma delas olha somente para a menina.
Outro ponto é a imagem do cachorro, ele não olha e nem demonstra propensão para se movimentar está no quadro somente para ser admirado.
Segundo Foucault, no século XIX houve uma ruptura na disposição cultural surgindo uma investigação sobre os meios de produção e do homo faber, lembramos os estudos feitos pelos sociólogos Karl Marx e Max Weber, levam o trabalho e o funcionamento do sistema como peça fundamental.

Dessa forma, deixo para vocês a dica desse texto importantíssimo do Foucault para compreendermos as várias formas de representação pictórica e suas alterações com o passar do tempo.
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Curso de Extensão FFLCH/USP “Poder e Performatividade Pública: introdução a Judith Butler e Michel Foucault” – Profª Ms. Jacqueline Moraes Teixeira:
É um texto maravilhoso. Passei a prestar atenção aos detalhes em artes depois de ler Palavras e as Coisas.
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Verdade, com certeza mais para frente vou reler, porque é uma obra prima. Abraços!
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Eu simplesmente adoro esses ‘estudos’, se podemos chamar assim, de obras de arte. Esse seu texto é sensacional nesse sentido, pois em uma obra de arte como essa nada é gratuito, tudo tem um sentido, e esse sentido representa a época de sua confecção. Seria capaz de ficar horas e horas a contemplar a beleza e os significados dessa obra.
Aliás, que belíssimo quadro. Certamente usarei em um de meus posts.
Excelente post.
Abraço.
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Olá Gabriel, concordo com você!! Foucault foi brilhante (sempre foi em tudo) nessa análise. Realmente, nada é gratuito. Adorei o comentário!! Abraços!
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Adorei, gostei bastante.
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Oi Luzia, que bom! Abraços.
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[…] juorosco.blog/2019/02/05/resenha-texto-as-meninas-in-as-palavras-e-as-coisas-michael-foucault/ […]
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Nunca mais vi obra de arte de mesma forma, recomendo esse texto do Foucault. Abraços.
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Oi Gisele, realmente vale muito pena, assim como todos os textos dele.
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