Em “Memórias de um Adolescente Brasileiro na Alemanha nazista”, Elisabeth Loibl narra as memórias de seu irmão – Rodolfo Otto Loibl, na época um adolescente, vivendo no III Reich.
A economia alemã antes de Hitler se tornar chanceler estava em estado de calamidade.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o governo alemão imprimiu dinheiro livremente para pagar os militares, fabricar armas e munições.
Com o fim do conflito havia mais dinheiro circulando do que coisas para comprar. O resultado foi inflação disparada e desemprego.

Para termos uma ideia, para comprar alguns pães, os alemães precisavam levar dinheiro em carrinhos de mão, pois o marco alemão não valia mais nada.
Soma-se a essa situação o Tratado de Versalhes, na qual a Alemanha precisava ressarcir os países inimigos pela Primeira Guerra Mundial.
Em 1929, mais um golpe abalou a estrutura econômica alemã: A Crise de 29. Os empréstimos norte-americanos para a Alemanha foram interrompidos, a pobreza tomou níveis alarmantes.
Nesse contexto o pai de Rodolfo, chamado Franz veio para o Brasil tentar a vida como muitos alemães.
A família da autora por parte de mãe era alemã, mas veio para terras brasileiras antes da guerra.
O casal e o filho mais velho – Rodolfo tinham uma vida confortável em São Paulo, na Vila Mariana.
Após o Partido Nazista assumir na Alemanha, uma propaganda imensa mostrando as riquezas da Alemanha começou a circular em vários países, dentre eles o Brasil.
Assim, a mãe de Rodolfo convenceu a família toda a se mudarem para a Alemanha, daí começa toda uma história bastante conturbada.
Chegando na Alemanha, eles apesar de serem alemães e de falarem a língua, foram tratados como estrangeiros, principalmente Rodolfo que era brasileiro.
Até que um dia, Franz foi convocado a ir à sede da Gestapo. No local, os nazistas começaram a confrontá-lo, perguntando se eles tinham vindo dos Estados Unidos para espionar.
Franz explica veio do Brasil, no entanto, o chefe da Gestapo simplesmente não entendia a diferença entre o nosso país e os Estados Unidos.
“- O senhor deve ter uma opinião a respeito, afinal viveu grande parte da sua vida no exterior!
– Eu já vivi no Brasil e não sei nada sobre a América.
– Ora, Sr. Loibl, não vai me dizer que o Brasil não fica na América! – continuou o homem”
Quando a Gestapo estava a ponto de torturar Franz, ele teve a ideia de falar sobre o grande parque industrial norte-americano.
Rodolfo apanhava constantemente dos colegas na escola por ser “americano”. Até que um dia sua mãe foi reclamar com o diretor e ouviu que o filho era estrangeiro.
As condições financeiras da Alemanha haviam melhorado muito no nazismo, mas não eram nenhuma maravilha.
Tanto é que o casal não conseguiu nem comprar uma casa e vivia de favor na casa de parentes.
Nessa situação, Franz consegue um trabalho em uma empresa alemã na Polônia.
Assim, eles têm a dimensão real do quão terrível estava sendo o nazismo. Em um momento, a Gestapo leva todos os alemães na Polônia para conhecerem o Gueto de Varsóvia.
Rodolfo volta do bairro cercado traumatizado com o que ele vira, principalmente com a imagem de uma mulher carregando uma criança pedindo por ajuda. A situação era simplesmente tenebrosa.
Os funcionários poloneses de Franz não lhe eram hostis, pois eles conheciam o Brasil, inclusive muitos tinham parentes por aqui.
Nesse contexto da Polônia, o casal acaba até escondendo uma moça judia polonesa, esposa de um brasileiro.
Com os soviéticos se aproximando, o casal foge para a Alemanha, pois para o Brasil naquelas circunstâncias era impossível, visto que Getúlio Vargas declarou guerra ao III Reich.
As cidades todas estavam devastadas por conta dos constantes bombardeios, a população alemã passava fome.
Eles sabiam que os soviéticos principalmente iriam se vingar.
Mais uma vez a cidadania brasileira fez a diferença, quando os americanos tomaram a cidade em que eles estavam.
O casal teve a ideia de colocar uma bandeira do Brasil na porta de casa. Isso fez com o que os americanos não pilhassem a casa.
Porém, os estupros começaram a se tornar uma constante, era difícil encontrar uma mulher nas redondezas que não havia sido estuprada pelos americanos.

Franz pega os documentos do filho e reivindicando a nacionalidade brasileira consegue conversar com o comandante da tropa e acabar com as violações e violência gratuitas pelo menos na cidade.
Depois de muita burocracia, o casal, Rodolfo e as duas filhas que nasceram na Alemanha conseguem chegar ao Brasil.
“Ao avistar a costa brasileira aproximando-se, caí de joelhos para agradecer a Deus. O Brasil sempre foi, continua sendo e – assim espero – sempre será o país mais livre, mais tolerante, mais incrível do mundo, e o seu povo, o mais hospitaleiro e generoso de todos os povos.”
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