“Pssica” é um livro da literatura brasileira, autoria do paraense Edyr Augusto.
A palavra pssica vem do nhagatu – um idioma indígena e significa mal agouro. Em um momento da trama um dos personagens fala que alguém jogou uma pssica nele.
A narrativa me chamou a atenção por ter o tráfico de mulheres para prostituição como pano de fundo. Também, o livro fala sobre os “ratos d’água”, os piratas de rio.
O tráfico de mulheres para fins de exploração sexual é uma das indústrias mais lucrativas do mundo, depois do tráfico de drogas e do tráfico de armas.
Segundo os dados do Escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime, 80% das vítimas do tráfico humano são mulheres e meninas.
Países de origem são os locais onde o tráfico acontece , depois de cooptadas as mulheres são levadas para um país de trânsito e posteriormente ao destino.
O Brasil funciona como país de origem e de destino.
A China é o destino da maioria das brasileiras cooptadas para exploração sexual, além de Portugal, Espanha e França.
A América Latina tem sido a terceira maior fonte de tráfico humano do mundo, depois do Sul e Sudeste asiático, sendo o Brasil, Colômbia, República Dominicana e Equador os países de maior fluxo.

O autor explicou em uma entrevista, que Belém é uma cidade onde há uma elite muito rica cercada por um cinturão de pobreza. Nessa situação muitos pais vendem as filhas para a prostituição.
É dentro desse contexto que o autor trabalha a história.
Janalice é a protagonista da narrativa. Uma menina de 14 anos, que tem um vídeo vazado na internet, em que ela faz sexo com o namorado.
Seus pais a fim de separá-la do rapaz a manda viver no centro de Belém com a tia, onde ela passa a ser abusada sexualmente pelo tio.

Procurando algum conforto diante da situação, ela faz amizade com uma menina usuária de crack, que a vende para o tráfico de pessoas.
Janalice é raptada e transformada em prostituta e literalmente vendida a homens.
As cenas são terríveis, dá um profundo desespero ver como essa realidade funciona. As mulheres são drogadas e prostituídas, chegando a fazer sexo com 20 homens em uma noite.
O segundo núcleo da história versa sobre o personagem Manoel Tourinhos, um rapaz angolano, que por ser branco foi apelidado de Portuga, ele vive na Ilha do Marajó.

Portuga serviu no exército durante a revolução angolana. Por isso, guardava armas dentro de casa.
Sua vida muda completamente quando seu armazém é assaltado pelos “ratos d’águas”.
Algo acontece e ele procura vingança.
Nesse núcleo também está presente o Preá, um rato d’água, que acabará conhecendo a Janalice.
O autor disse em uma entrevista: “Na minha região, que é de muita capilaridade, os rios são as ruas. As pessoas trafegam em navios grandes, navios pequenos. E esses ratos d’água atacam não só as grandes balsas, mas, também, sobretudo as pessoas. Eles são muito violentos. Eles usam a violência como uma expressão de força. Eles machucam as pessoas. Eles estupram as mulheres na frente dos cônjuges pra que todos vejam a violência deles. A lei quase não chega ali e é determinada pelo mais forte. O arquipélago do Marajó tem quase cem ilhas. É uma área que não tem muitos recursos, não tem lanchas disponíveis, não tem pessoal disponível”
Essa realidade é mostrada ao longo da narrativa. O autor dá bastante destaque a terrível violência praticadas pelos piratas de rio.
O livro é muito escrito, a leitura é frenética e sempre ficamos com aguçados para saber o que vai acontecer.
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